Epistemologia e validação de conhecimento
Princípios epistemológicos para o tratamento de informações especializadas. Problemas associados ao método racional e crítico de validação de conhecimentos.
Jornalismo pode ser definido como a mediação crítica das observações e dos discursos sobre acontecimentos e saberes de atualidade que transformam a realidade. Mas, afinal, O que é observação? O que são acontecimentos? O que são saberes? O que é a realidade?
Reflexão inicial: Os mundos 1, 2 e 3, segundo Karl Popper.
1. Princípios de epistemologia
- Quanto maior o conhecimento, maior a percepção de ignorância
- Distinção entre crença (“doxa”) e conhecimento (“sofia”)
- Crença como senso comum, religião, tradição, mitologia
- Conhecimento como filosofia (e depois também ciência)
- Legitimação dos saberes como busca por conhecimentos justificados
- Justificação dos conhecimentos como busca e aproximação da verdade
2. Atitudes ante a questão do conhecimento:
- Dogmatismo: aceita a possibilidade de conhecimentos seguros, universais, com certeza
- Ceticismo: dúvida da sobre a possibilidade de conhecimento seguro, universal e certo
- Relativismo: nega a existência de uma verdad; cada indivíduo possui sua própria verdade
- Perspectivismo: há verdade absoluta, mas pode-se ter apenas uma visão parcial sobre ela
3. Abordagens ante a questão do conhecimento:
- Objetividade: qualidade de um enunciado passível de teste intersubjetivo (controle crítico)
- Subjetividade: qualidade de um enunciado decorrente de sentimento de convicção (crença
4. Sentidos de raciocínio, de premissas a conclusões:
- Inferência indutiva: raciocínio que tem premissas em enunciados singulares (descrições dos resultados de observações ou experimentos) e conclusões em enunciados universais (hipóteses ou teorias)
- Inferência dedutiva: raciocínio que tem premissas em enunciados universais e conclusões em enunciados singulares
5. Aristóteles e a formação de um método para as ciências naturais
- Classificação e organização do conhecimento
- Coleta sistemática de dados para uma história natural
- Influência do pensamento aristotélico na cultura grego-latina
6. A revolução científica medieval: o renascimento da ciência
- Revisão artístico-cultural: Rafael, Micheangelo, Leonardo
- Revisão cosmológica: Copérnico, Bruno, Keppler, Galileu
- Aprofundamento: Leonardo Da Vinci e Galileu Galilei
7. Esboços para o estabelecimento de um método científico
- Descartes e o racionalismo clássico: ordem e fragmentação
- Bacon e a noção de ciência aplicada
- Bases do método científico:
- Observação de evidências
- Problematização de questões
- Racionalidade: indução, dedução, hipóteses
- Experimentação: verificação e falseamento
- Interpretação crítica dos resultados
8. A evolução da ciência na idade moderna
- Positivismo lógico e o empirismo filosófico
- Sociedades científicas européias e americanas
- Grandes inventores e avanço da tecnologia
- Novas teorias na física, química e biologia
- Teoria como unidade epistêmica, deve ser:
- Sintética e representar um mundo não contraditório
- Passível de falseamento (critério de demarcação)
- Submetida a provas e resistir a elas
- Método para prova dedutiva de teorias:
- Hipótese (idéia, sistema teórico)
- Conclusões tiradas por dedução lógica
- Provação da teoria
- Critérios de prova:
- Coerência interna e forma lógica
- Relação com outras teorias
- Aplicação empírica das conclusões
- Prova positiva = alicerce temporário da teoria = corroboração da teoria
- Prova negativa = abandono da teoria = falseamento da teoria
9. A revisão crítica do racionalismo
- Noção de paradigma como relativização do conhecimento
- Valores de verdade, neutralidade, autonomia e imparcialidade
- Prestígio, cargos, corporações científicas, poder e capitalismo
- Pós-modernidade, complexidade e novos programas de pesquisa
10. Noções e reflexões sobre o método científico
- Princípios de precisão, coerência e evidência
- Noções de modelo, recorte e amostragem
- Fragmentação e problematização da realidade
- Unidades epistêmicas: proposição, teoria, paradigma, programa
- Explicação científica como processo de controle
- Compreensão científica como atribuição de sentido
- Reflexão como questionamento de significados atribuídos
11. Teorias da complexidade
- Escola filosófica que propõe a indissociabilidade dos fenômenos que compõem o mundo (totalidade orgânica) e a abordagem multidisciplinar como forma de construção do conhecimento.
- Edgar Morin: “Introdução ao Pensamento Complexo” (1991:17/19): “À primeira vista, a complexidade é um tecido (complexus: o que é tecido em conjunto) de constituintes heterogêneos inseparavelmente associados: coloca o paradoxo do uno e do múltiplo. Na segunda abordagem, a complexidade é efetivamente o tecido de acontecimentos, ações, interações, retroações, determinações, acasos, que constituem o nosso mundo fenomenal. Mas então a complexidade apresenta-se com os traços inquietantes da confusão, do inextricável, da desordem, da ambigüidade, da incerteza… Daí a necessidade, para o conhecimento, de pôr ordem nos fenômenos ao rejeitar a desordem, de afastar o incerto, isto é, de selecionar os elementos de ordem e de certeza, de retirar a ambigüidade, de clarificar, de distinguir, de hierarquizar… Mas tais operações, necessárias à inteligibilidade, correm o risco de a tornar cega se eliminarem os outros caracteres do complexus; e efetivamente, como o indiquei, elas tornam-nos cegos.”